CRISPR-cas9: Revolução na manipulação de genes


Nova técnica permite modificações mais precisas, com mais eficiência e flexibilidade


Matéria publicada neste domingo (3) no jornal Les Echos, conta que uma nova técnica de modificação do genoma, CRISPR-cas9, se espalhou como fogo nos laboratórios e levanta sérias questões éticas. Lembre-se desta sigla impronunciável, porque você ainda vai ouvir falar nisso em breve, muitas e muitas vezes. Trata-se de uma nova ferramenta de edição de genoma que pode transformar esse campo da biologia, segundo  um recente estudo feito em embriões humanos geneticamente modificados. Mas cientistas querem mexer com genoma há décadas. Por que a CRISPR de uma hora para outra se tornou uma grande esperança?


Uma explicação rápida para isso é que a CRISPR permite que cientistas modifiquem genomas com uma precisão nunca antes atingida, além da eficiência e flexibilidade.

Os últimos anos foram cheios de conquistas para a CRISPR, que criou macacos com mutações programadas e também evitou a infecção do HIV em células humanas. No começo deste mês, cientistas chineses anunciaram que aplicaram a técnica em embriões humanos, o que dá uma dica dos potenciais da CRISPR para curar qualquer doença genética. E sim, isso pode nos levar à era do design de bebês (no entanto, como os resultados desse estudo nos mostram, ainda estamos longe de conseguir levar essa tecnologia para a medicina).


A CRISPR/Cas9 vem de bactérias estreptococos
Em resumo, a CRISPR é muito melhor do que técnicas antigas de edição genética. E sabe o que é mais interessante? Essa técnica não foi inventada por cientistas. A CRISPR/Cas9 vem de bactérias estreptococos…

A CRISPR é na verdade um mecanismo de defesa antigo e natural encontrado em diversas bactérias. Nos anos 1980, cientistas observaram um padrão estranho em alguns genomas bacterianos. Uma sequência de DNA poderia ser repetida diversas vezes, com sequências únicas entre as repetições. Eles chamaram essa configuração estranha de “agrupados de curtas repetições palindrômicas regularmente interespaçadas”, ou CRISPR, na sigla em inglês.

Isso era um enigma até cientistas perceberem que as sequências únicas entre as repetições combinavam com o DNA de vírus — especificamente de vírus que são predadores de bactérias. A CRISPR é uma parte do sistema imunológico bacteriano, que mantém partes de vírus perigosos ao redor para poder reconhecer e se defender dessas ameaças durante os próximos ataques. A segunda parte desse mecanismo de defesa é um conjunto de enzimas chamadas Cas (proteínas associadas à CRISPR), que podem cortar precisamente o DNA e eliminar vírus invasores.

Meguianaeb

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